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‘Marco da comunidade surda’: Marília Mendonça foi a primeira a ter intérprete de Libras nas lives

Em meio à pandemia, a Rainha da Sofrência garantiu que sua vontade de entregar a música de modo acessível ao povo fosse feita. Intérprete da cantora lamenta sua partida

A cantora Marília Mendonça fez questão de estender o seu desejo de entregar a música ao grande público também para a comunidade surda e foi a primeira a colocar uma intérprete de Libras, a profissional Gessilma Dias, em suas apresentações. Aos 26 anos, a artista morreu em um acidente aéreo em Caratinga, no interior de Minas Gerais.

Com a chegada da Covid-19 ao Brasil, a indústria cultural precisou reinventar novas formas de entregar a arte ao público. Uma delas, muito utilizada pelos cantores do Brasil e do mundo, foram as lives. Em entrevista para a TV Anhanguera, Gessilma conta que Marília é um marco da comunidade surda. “Ela teve essa ideia. Criou esse espaço para que a gente mostrasse o nosso trabalho. Para que a comunicação realmente aconteça. Para que os surdos pudessem ter acesso”, explicou a profissional, que atua há 20 anos na área.

Gessilma, que em 2020 viralizou nas redes sociais pelos "sinais da sofrência", conta ainda que muitos surdos não possuem espaço para participar desses eventos por não terem acessibilidade. “Porque a gente fala assim: ‘o surdo não gosta de música, porque ele não ouve’. Mas alguns gostam. Como que você vai saber se eles gostam ou não se eles não participam daquele espaço” disse.

Marília iniciou o projeto “Todos os Cantos”, que chegava a todas as 27 capitais do Brasil em 2019; em 2020, precisou reconfigurar sua ida para casa de todos os brasileiros. Foi a partir dela, que outros cantores incluíram intérpretes em suas lives até hoje.